Vou contar-lhes algo:
Eu sou um espinho... Ainda sou verde. Minhas ligas ainda são muito flexíveis, elas dobram, não furam...
Eu sou um espinho... O Sol me queima... aos poucos... aos poucos não sou tão verde.
Eu sou um espinho... Me pisam... mas não se machucam, ainda sou um tanto verde.
Eu sou um espinho... O Sol me queima... já não lembro como é ser flexível...
Eu sou um espinho... Ser verde é apenas uma lembrança...
Eu sou um espinho... O Sol me queima.
Eu sou um espinho... Me pisam... eu machuco, perfuro... o Sol me queimou... não sou mais verde.
Tudo o que fazemos, todos os nossos gestos, são como Sol... deixa marcas, tem uma incrível capacidade de secar. Porque tudo que fazemos, todos os nossos gestos, geram conseqüências em nós mesmos... e nos outros. É porque todos os gestos e atitudes das outras pessoas, deixam marcas em nós.
É que todas as pessoas estão tão envoltas nas seus próprios problemas, que esquecem que podem magoar. É que você está tão acostumado a se fechar no seu próprio mundo, que não lembra que também pode magoar.
Nós nascemos verdes, flexíveis... mas aos poucos somos sendo queimados pelo Sol, somos transformados em algo nocivo... esquecemo-nos como é ser verde...
Nós magoamos. Temos uma incrível capacidade de magoar. Essa capacidade nos é implantada aos poucos, a cada gesto, a cada ato.... nos tornamos algo nocivo, algo seco.
Você pode ser o Sol... ter a capacidade de queimar...
Você pode ser um espinho... e se deixar secar...
Ou não.
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